sábado, 21 de agosto de 2010

Isso é Gypsy Punk!!!

Os gypsies ja tem um lugarzinho aqui no blog e no meu coração!Adooooro música cigana (gyspy=cigano #praquemnãosabia) e já tem post, de 2009 sobre uma banda romena inteiramente composta por ciganos oriundos de uma região remota chamada Clejani, denominados lăutari, como são chamados os músicos romenos de origem cigana. A banda, Taraf de Haidouks é o grupo lăutari mais conhecido fora do leste europeu, e tem entre seus fãs, o ator Johnny Depp.
Essa globalização da música cigana vem crescendo com ajuda, tanto de grupo puramente folks, como o Taraf, quanto de bandas que misturam gypsy com outros estilos musicais, como o "Gypsy Punk" termo criado em meados dos anos 90 para designar bandas de punk rock que utilizam temas, instrumentos e atitudes da música cigana do leste europeu.
A Romenia é um país cujo o povo combina várias etnias como húngaros, ucranianos (eslavos) e roma ( como são chamados os povos ciganos) que são originários da Índia. A música moderna lá é fortemente influenciada pela música roma, e músicos comos os lăutari ocupam um espaço expressivo na cultura romena e alcançam fama nacional e internacional, essa última muito poucos alcançam.
Gogol Bordello é uma banda de de gypsy punk formada por músicos imigrantes em Nova York, em 1999. O nome é inspirado no escritor russo Nicolai Gogol, grande nome da literatura russa e ucraniana e "Bordello" é bordel, em italiano! O Gogol Bordello é Composto por imigrantes russos e descendentes de várias etnias, distintas entre si, como tailandês, etíope, chinês, israelense ...#ufa e tem como frontman o imigrante ucraniano Eugene Hütz, que tem descendência cigana e se mudou para os EUA em 1991. Sua origem roma influencia muito seu sua música e estilo de vida, não acostumado a esquentar lugar por muito tempo, Eugene visita o Brasil constantemente o Brasil, como ou sem o Gogol Bordello, e tem amizades e muitos projetos musicais com a comunidade cigana no Brasil e com músicos brasileiros também. Refugiado da Ucrânia após o acidente nuclear em Chernobyl, Eugene viveu em vários países.Polônia, Áustria, Itália, Hungria e finalmente chegando aos Estados Unidos em 1991, aonde trabalha também como DJ e como ator, nas horas vagas. Foi protagonista do filme dirigido por Madonna, "Filth and Wisdom", mas diz que não é sua praia então só topa fazer filme se tiver tempo e se a coisa for boa. Foi em Nova York que Eugene conheceu o violinista Sergey Ryabtsev, o acordeonista Yuri Lemeshev e o guitarrista Oren Kaplan, o baixista Thomas Gobena, Pamela Racine e Elizabeth Sun, backing vocals, percussionistas e dançarinas; Pedro Erazo, MC e percussionista e Oliver Charles, baterista, os atuais membros do Gogol Bordello! Eles fazem gypsy punk e são conhecidos por suas performances "teatrais" no palco! Em show, eles levam para o palco, não só a música, mas a arte e a dança de rua dos ciganos! Vale muito a pena conferir um show! (deve valer mesmo, eu não sei porque ainda não tive a oportunidade ).
Confira parte de uma entrevista moooito doida com Eugene, feita por Matias Maxx do site: http://www.maissoma.com/

Eugene Hutz . A Perpetuidade da Folia e da Sujeira (1)


Por Matias Maxx, Fotos Por Danny North



“Estávamos na Kombi, voltando do Lapa/ Tipo matinê, veio o cara, perguntô/ E , cigano, onde é o after-party?” O sotaque esquisito embalado por uma levada de funk carioca é de Eugene Hutz, ucraniano de origem cigana e frontman da banda Gogol Bordello. O batidão logo dá espaço ao violino cigano de Mio Vacite e às guitarras distorcidas do próprio Eugene, numa confusão sonora transcontinental. Estou na “Casa do Cigano” estúdio de Ricardo Vacite, filho de Mio, presidente da união cigana do Brasil. Aqui, Eugene prepara um projeto experimental com músicos brasileiros chamado provisoriamente de “Que Porra É Essa?”

Alem de tocar com o Gogol desde 1999, Eugene dividiu com Elijah Wood o papel principal de "Everything is Illuminated" (2005) e estrelou "Filth and Wisdom" (2008), primeiro filme dirigido pela Madonna. Depois de trombar com a figura de bigodão e calça “pescando siri” em inúmeras situações nas ruas e baladas do Rio de Janeiro, resolvi entrevistá-lo. Marcamos um papo numa casa de sucos em Ipanema, antes de uma sessão na "Casa do Cigano", onde me esforcei para fazer uma assessoria de gírias e sotaques na gravação do “Funk da Kombi” que abre esta reportagem.

Então… Quando você veio pro Brasil????

Já faz quase dois anos, na verdade já são dois, na primeira vez eu vim para ver uma garota… minha namorada naquela época!

Brasileira?
Não! Ela é da Romênia, mas ela é antropologista e está estudando ciganos do Brasil. Então vim vê-la na primeira vez… Mas você sabe, acabei não saindo do quarto durante um mês … Aí o meu heroi de todos os tempos, Manu Chao veio ao Brasil, e me apresentou alguns músicos, fomos para Pernambuco no carnaval, comecei a conhecer o pessoal do Mundo Livre S.A. e o DJ Dolores e outras pessoas de um circulo criativo. E me senti muito inspirado por toda essa energia e atmosfera sabe. Mas isso não foi uma grande surpresa, na verdade foi apenas uma prova, pois eu sempre curti música brasileira e sempre quis visitar o Brasil. Em Nova York eu tenho vários amigos brasileiros e muitos fãs que iam aos shows e minhas festas dizendo “cara! Você tem de ir ao Brasil, quando você for lá, você vai querer ficar!” Então não teve nada chocante, fiquei feliz que acabou sendo tudo isso mesmo! Exatamente o esperado! Original e exótico. Antes mesmo de eu chegar aqui, eu já estava tocando numa escola de Samba em Nova York, a Mahantan Samba, e experimentando com esses músicos, fazendo shows juntos, combinando Gogol Bordello com escola de samba, fazendo festas extremamente energéticas.

Uma vez você confessou que depois de um ou dois anos, depois de conhecer as pessoas e o país melhor rolou uma leve decepção com a americanização imposta pela TV e outros meios.
Bem, eu não gosto dessas coisas em qualquer país. E elas existem em qualquer país! Antes eu estava apenas olhando numa direção, agora tenho de aceitar que isso também existe aqui. Não me desapontei, tudo o que eu amo ainda está aqui. Então, estou bem com tudo isso, a americanização está em qualquer lugar, na Ucrânia, Itália, Espanha, esse lixo está em qualquer lugar! Mas eu não vim aqui pra isso, então estou ok, estou amando as coisas que eu amo! Eu conheci um circulo de amigos maravilhoso aqui, de uma maneira criativa e companheira também. Uma coisa que fez eu me sentir muito em casa é que eu conheci ciganos brasileiros que me receberam muito bem dentro de seu círculo, essas pessoas falam a mesma língua que meus avôs sabe? E estão no Brasil. Logo este lugar se tornou uma casa para mim. A maneira que eles preservam a cultura cigana me faz sentir de volta ao ninho, perto das minhas raízes...

Eu não conheço muito a cultura cigana, acredito que a maioria dos brasileiros tampouco. Conheço estereótipos sobre viajantes e cartomantes, mas pelo que sei existe uma grande comunidade aqui, meio escondida, porque as pessoas não conhecem muito sobre os ciganos?

Todo mundo tem esses estereótipos, mas agora eles estão tentando correr atrás. Existem duas razões: um preconceito herdado que faz as pessoas se protegerem e as comunidades ciganas se aproximam muito num mecanismo de proteção, mas hoje em dia, de uma maneira muito devagar está começando a mudar. Se está falando muito sobre os direitos dos ciganos romenos. Sabe, estamos no Rio de Janeiro, daí quando eu falo que fui com amigos ciganos fazer uma doação a uma favela de ciganos que fica depois de Niterói, as pessoas se chocam: “há um acampamento cigano lá? Nunca ouvi falar.” Mas tipo, está só a uma hora de distância.

Você só começou a viajar na cultura cigana depois que teve de fugir de Kiev por conta do acidente nuclear em Chernobyl.
Na Ucrânia o preconceito contra ciganos é muito maior do que aqui. Eu dei umas voltas por aqui e pelo que aprendi, os ciganos daqui ainda são mais positivos do que os da Europa, você ouve falar dos ciganos na mitologia, no folclore, em músicas. Há menos do preconceito negativo, os ciganos daqui ainda conseguem ser dentistas, advogados, políticos, qualquer profissão possível. Na Europa, é quase impossível, você só pode ser o que os ciganos fazem, existe uma parede invisível, é impossível chegar em qualquer lugar. Então muitos pintam seus cabelos de loiro, falam pras pessoas que são turcos, ou qualquer outra coisa. Minha família é mestiça, eu mesmo não tenho muita cara de cigano, e minha família fez todo o possível para esconder o nosso lado cigano lá na Ucrânia, eles esconderam tão bem que eu não sabia praticamente nada a respeito até os dezessete anos. Toda a cultura foi parte da vida na nossa família, mas só um pouquinho da nossa língua nativa estava presente, e nada de vestimentas ciganas, a música sim estava sempre presente, mas é porque todos amam a música cigana, então isso não é problema, mas qualquer manifestação muito óbvia era proibida. A parte não-cigana da família, eles não gostam de ciganos sabe? Eles só gostam hoje em dia porque leram no "New York Times" que o Gipsy Punk é cool. Quando eu vou a Ucrânia eu digo: “você não gosta de ciganos? Pois é, você só tem esse computador por conta do Punk Cigano.” Eu sou o cara que comprou todas essas merdas pra eles, senão eles estariam até hoje sem isso. Foi um longo caminho para provar que eles estavam errados.

Você chegou a viver em acampamentos ciganos?
Sim, depois de Chernobyl. Vivi na Polônia, Áustria, Hungria e Itália. A Itália é o único país que compete com o Brasil em termos de desordem e caos. Acho que talvez eles até ganhem. Vocês estão próximos do título, mas acho que eles levam, hein? (risos)

E tem muito preconceito lá?
Sim! É terrível! Dos piores, na Itália e na Romênia.

Mas os ciganos não vieram da Romênia?
Vieram originalmente do Rajastão há uns mil anos. O primeiro exôdo foi pra Turquia, pelo Oriente Médio, depois para Marrocos, Espanha. Por isso o flamenco tem influência arábe. O segundo êxodo foi alguns séculos depois, da Turquia para a Romênia, e da Romênia para a Rússia e toda a Europa. Há cerca de dois milhões de ciganos lá hoje em dia, é o país com a maior população cigana no mundo. Mas lá também não é um país muito civilizado, portanto há muita discriminação.

Você cresceu na Ucrânia soviética, não?

Nasci e fui criado até os 18 anos na Ucrânia, sob o comunismo total. Ninguém pensava que isso fosse mudar um dia! Era tipo, “nascemos assim e vamos morrer assim”. Não havia nenhum sinal no ar de que viriam mudanças. Quando elas vieram, aconteceu tudo de maneira muito rápida, ninguém acreditou quando o Gorbachev chegou e dividiu o país... Ele fez a coisa certa, arrebentou o império! A Rússia sempre criticou o imperialismo, seria lindo se não fossem os maiores imperialistas do mundo. A Rússia é um império até hoje em dia. Da Sibéria até a Polônia, todas as nacionalidades dessa área foram forçadas a falar russo nos últimos 200 anos. Agora que a URSS acabou, todo mundo está voltando aos poucos para as suas raízes. Se é que eles lembram quais são essas raízes.

Como você conheceu o rock num país soviético? Não era proibido?

Era proibido, mas sempre tinha alguém que sabia como conseguir coisas proibidas. Meu pai foi provavelmente um dos primeiros caras a ter uma guitarra elétrica na URSS. Ele era músico e tinha dom para idiomas, então conseguiu entender a cultura rock’n’roll ouvindo rádios estrangeiras. Ele tinha uma banda e pegava todas as mulheres, não tinha nem competição.

Como se formou o Gogol? Todos os integrantes são imigrantes?

Sim, mas foi como uma bola de neve. Quando cheguei em Nova York, eu não conhecia ninguém e comecei a tocar no metrô. Fiz isso por uns dois meses, tocava guitarra e cantava músicas do Johnny Cash e vários rockabillies.

Com sotaque esquisito?

Mais ou menos, eu não acho meu sotaque esquisito, quanto mais alto você grita, mais a sua língua nativa vem, é o que os médicos dizem. Eles podem identificar uma nacionalidade de qualquer mulher durante o parto, porque quando ela grita mamãe ou qualquer outra coisa elas o fazem no seu idioma nativo, não é algo que conseguem esconder naquele momento. Cantando é a mesma coisa, quanto mais você grita ou se envolve emocionalmente mais a sua gesticulação nativa vai aparecer.

Voltando a formação do Gogol.
Aí, no metrô, conheci um cara que tocava acordeon e viramos um dueto, depois um trio. Mais ou menos um ano depois chamamos um baterista e gravamos nosso primeiro álbum, que é praticamente acústico. Mas eu comecei a sentir falta do rock’n’roll, o som de “A Bunch of Fucking Fags” e minhas outras bandas de psycobilly. Aí eu conheci Oren Kaplen, que era de Israel, um puta guitarrista que tinha tocado numa banda chamada Firewater. E depois, demoramos uns quatro anos pra ter um baixista, era uma banda de gipsy reggae dub sem baixista. Bem estilo “Que porra é essa?” (risos). Oficialmente a banda começou em 1999, nosso quinto álbum está saindo agora, com o Pedro que é um MC peruano que nos acompanha desde o álbum anterior. O nome é Transcontinental Hustlers. Quando eu pegar o CD master, vou jogar na Lagoa Rodrigo de Freitas, porque todas as letras foram escritas lá.
Eu voltava das turnês com a cabeça transbordando de merda, que nem um banheiro público depois do carnaval, saía de casa todas as manhãs, caminhava até a Lagoa e escrevia por horas. A maior inspiração veio daqui, com toda essa solidariedade, esse espírito, um cara do Leste Europeu na América Latina.


Mas sobre Gogol Bordello:
http://www.gogolbordello.com/
http://www.myspace.com/gogolbordello
http://www.twitter.com/gogolbordello

Nenhum comentário: